Amanda in the mirror, 1992, Nan Goldin


Apesar da sua curta existência, a oitava edição do Lisbon & Estoril Film Festival encontra-se com uma programação diversa e recheada de diversos convidados. Para além da atenção dedicada ao cinema, a fotografia também tem um destaque na presente edição. A organização convidou uma vasta gama de personalidades do mundo do cinema, mas também um ícone da fotografia mundial, Nan Goldin. A norte americana (b.1953), que para além de fazer parte do júri da seleção oficial do festival, irá fazer a apresentação de diversos trabalhos, inseridos na categoria Cinemart, ao longo de vários dias do festival. Para além dos trabalhos apresentados, um conjunto de filmes escolhidos por Nan Goldin vão estar em exibição (+ lista completa). A programação para a exibição dos slideshows:

Slideshows I : The Ballad of Sexual Dependency e Heartbeat
10 de Novembro - 19:30 - Espaço Nimas


The Balad of Sexual Dependency



Slideshows II : Scopophilia
14 de Novembro - 14:30 - Monumental Sala 1


Scopophilia

Slideshows III : The Other Side e Fire Leap
14 de Novembro - 16:30 - Monumental Sala 1

Ava Twirling, NYC 2007, Fire Leap
 Nan Goldin
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Os anos 90 em Portugal, na Colecção dos Encontros de Fotografia Esta terra é a tua terra é uma exposição que reúne pela primeira vez uma seleção de várias séries fotográficas realizadas em Portugal ao longo da década de 1990. As imagens foram inicialmente produzidas no contexto de encomendas dos Encontros de Fotografia a cerca de 40 fotógrafos, portugueses e estrangeiros, para que abordassem diversas temáticas relacionadas com a realidade social e territorial do país. Esses projetos – Vale Mondego (1993), Itinerários de Fronteira (1994), Terras do Norte (1995), Sul (1996) e Linha de Fronteira (1997) – foram sendo sucessivamente apresentados, em exposição e em livro, nas edições anuais dos Encontros de Fotografia.

Na linha de outros projetos seminais da História da Fotografia do século XX – e.g., o Farm Security Administration (1935-1942), nos Estados Unidos da América, o Inquérito à Arquitetura Regional em Portugal (1955-1957) e, sobretudo, a Mission Photographique de la DATAR (1983-1989), realizado em França – estes trabalhos fotográficos, na sua amplitude e diversidade, consubstanciam um retrato complexo e sugestivo sobre o estado do país num período decisivo da sua história recente, cerca de vinte anos após o 25 de Abril, uma década depois da adesão à CEE e na iminência da inauguração da Expo 98. Entre o que vemos e subentendemos nas imagens e o seu inelutável confronto com a situação contemporânea, estas fotografias incitam à análise histórica e à perceção crítica das condições socioeconómicas e políticas e correlativos efeitos na realidade quotidiana da vida das pessoas e dos lugares. A exposição junta cerca de 120 fotografias de 15 fotógrafos: António Júlio Duarte, Cristina Garcia Rodero, Christophe Bourguedieu, Daniel Schwartz, Debbie Flemming Caffery, Duarte Belo, Frédéric Bellay, Gabriele Basilico, Hugues de Wurstemberger, John Davies, José Manuel Rodrigues, Larry Fink, Mark Klett, Nuno Cera e Paulo Nozolino. As inclinações temáticas incluem: a memória histórica e simbólica dos lugares; as transformações na paisagem e a precarização da ruralidade; as dinâmicas e os modos de ocupação do território; o confronto entre a cidade antiga e a renovação urbana; a pressão urbana e o crescimento desenfreado e desordenado das cidades; os indícios de desestruturação e exclusão social. Predominam os pequenos formatos e a fotografia a preto e branco. Porém, os imaginários e géneros fotográficos são muito distintos, desde as abordagens documentais mais objetivistas e articuladas na sobriedade e contenção formal, até às atitudes mais explicitamente subjetivas, líricas e metafóricas. 

O título Esta terra é a tua terra cita a célebre canção escrita por Woody Guthrie nos anos 40, na ressaca da Grande Depressão. Uma referência que nos ajuda a recentrar a vocação das imagens, ou mais concretamente, a vocação da fotografia enquanto meio privilegiado de aferição da realidade, como um médium destinado a apelar à memória dentro da actualidade e à compreensão da actualidade dentro da história.
texto Sérgio Mah

Em exibição no CAV em Coimbra até 8/2/2015.




























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